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Mostrando postagens de novembro, 2010

Alforria-me

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Por que me prendes em teus dedos? Já arrancou de mim toda saliva de minhas idéias E já sugou do meu corpo toda vontade e ausência. O que ainda resta oferecer? Meus olhos vendados e mal gastos? Minha pele mal tocada e mal vestida? Ou minha língua, que já não prova do gosto da verdade? Diz o que desejas, ainda, escravizar. Fala da tua vontade de acorrentar-me em veias A essas tuas letras, palavras e tintas frias. Já tomaram de mim todas as horas que cabiam no meu pulso. Não te restam muitos anseios. Negociaria anos de juventude Por miseráveis minutos de alforria. Só pra ter o gostinho de uma vida sem poesia. De uma alma sem alimento. Sei que não sobreviveria. Mas valeria a pena, Dedicar-te menos segundos de minha vida. Oferecer-te menos gotas de meus momentos.                                             (Halifas Quaresma)

Descanso

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Aqui dentro Farei para mim um leito de linho e seda. Pra repousar meus passos E adormecer o meu íntimo no colo da noite. Ouvirei dos meus pulmões todo sangue que desejam cantar Mas com um pouco de sorte, Já terei fechado as janelas e portas do meu corpo. E quando no escuro som das estrelas, Eu me levantar para alimentar os risos, Hei de me acomodar novamente nos braços da vida. E bebendo, gole a gole, de todos os sonhos, Vou descansar nos verbos de minha memória. E por fim, Lembrar que meus melhores momentos Ainda dormem em gaveta. E mesmo louco de amores por tudo aquilo que sai de minhas mãos, Sei que ainda hei de me embriagar com o cheiro da pele. Ainda hei de te ver em tons de verdade. Aqui dentro... ... E fora de mim.                                                                                             (Halifas Quaresma)

Ao Sabor

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--> Pouco se sabe do gosto das coisas. Pouco se sente dos sabores alheios. Os olhos têm mania de salgar algumas lágrimas, Temperando-as com o amargo das feridas. Os abraços quase sempre têm gosto de fim de tarde em praia. Quando a água do mar, abraçando os pés, gela todos os passos. A dor tem gosto de azedo, Por isso passa. Cura-se com verdades. A borda dos risos é feita de chocolate... E o interior deles recheado de mel e arrepios.                                                 (Halifas Quaresma)

Mudo

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Grita peito mudo! Pra quê calar enquanto os olhos dizem tudo? Se posso chorar todas as palavras... Então podes de igual modo, gritar todos os pedidos.                                                                           (Halifas Quaresma)

Re-infecto

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Em versos pálidos Descansado em frases com gosto de bordões, Com hálito de vida e tédio saindo entre os lábios, Re-infecto minha mente com o blues mal usado do caos. O drible depravado que meus olhos dão na razão, Os gritos em alicerces sustentando os desejos. É mais uma noite de verbos em tela. Mais uma dor que descobre a presença do não existir. Fora da carne os motivos se entrelaçam, Dançam na mente feito aves desavisadas. Os vultos da minha voz se rebatendo nas paredes garganta abaixo. O sopro dos pulmões, fazendo secos, os meus últimos ares. É mais uma dessas noites sem adeus. Uma dessas farpas mal curadas. É mais um poema nascendo dos meus dedos. São mais duas horas perdidas Entre os ponteiros do relógio E as últimas linhas escritas de vida.                                                                           (Halifas Quaresma)